terça-feira, 4 de agosto de 2009

Atletas chatos de Cristo.

Jogador de futebol é uma raça complicada, complexa de ser entendida, e as razões são muitas.
Em regra, um garoto humilde que jogava bola nos campos de terra de seu bairro; 10 anos depois, um milionário que treina nos melhores campos do mundo, com todas as mordomias, com mulheres se engalfinhando pra conseguir um simples autógrafo.
Esse é o mundo de 0,1% dos que tentam, e é esse mundo que vemos na televisão e jornais.

Com a criação simples que a maioria têm, não há muitas possibilidades, nem incentivo, em se estudar, aí você cria um cidadão sem esclarecimento básico, sem estrutura intelectual pra conviver com muita grana e fama.
E sendo autocrítico, nem com toda estrutura que eu tive, e tenho, eu afirmo que me sairia muito bem com milhões e com tudo a minha disposição.

Mas seguindo em frente, num país onde você é feito (e chamado) de idiota pelos seus governantes, que te tomam tudo e não te retribuem com nada, a igreja acaba sendo um lugar onde pode-se encontrar conforto, uma palavra de carinho nos momentos de aflição, e a igreja é salvadora em muitos casos.

No futebol, temos os Atletas de Cristo, os jogadores que oram antes de entrar em campo, entrando em campo, quando sofrem e quando marcam gols...mas numa dividida quebram a perna do companheiro de profissão, mandam o juiz e a torcida adversária tomarem no cu (perdão pela expressão) na hora de extravasar, e por aí vai.

Goleiros ao defenderem uma bola apontam para os céus, agradecendo...e o atacante que perdeu o gol, faria o que, olharia pro céu e xingaria ou olharia para baixo invocando forças opostas, vindas das profundezas do inferno?
O atacante que dribla o goleiro e faz o gol diz que foi Deus que o iluminou com esse dom...então, por exclusão, o goleiro foi esquecido por Deus, que não o deu luz bastante pra defender?
E depois vão pra entrevista coletiva reverenciar o nome do Senhor, dizendo que ele olha por todos...

Zeca Pagodinho tem uma música que diz "em tudo que se faz na terra se coloca Deus no meio...Deus já deve estar de saco cheio!"

Sabendo que um pouco de religião somada a uma dose de bom senso não faz mal a ninguém, acho que deveria haver limites nas manifestações, inclusive nessa mania chata de fazer gol e levantar o dedo indicador pro alto, agradecendo ao Senhor...soa como hipocrisia.
Mas a maioria que faz isso nem sabe o significado de hipocrisia, então estamos fadados a convives com essas malas...por enquanto, porque a Fifa está a ponto de proibir esses atos, o que eu concordo, embora pareça autoritário demais.

Pedir bom senso alheio é algo muito difícil, quase inalcançável.


*Pra registro, roubei a idéia desse post do blog do Juca, somando a entrevista muito agradável que ele deu no Jô, semana passada.
Juca Kfouri é um monstro do jornalismo brasileiro, trabalha o dia todo na tv, jornal e rádio, se mantém por muitos anos, pelo menos até aonde eu sei, intacto depois de denunciar vários nomes importantes da canalha que envolve nossa política e esporte.

Um comentário:

  1. "Pedir bom senso alheio é algo muito difícil, quase inalcançável."

    Essa frase foi espetacular!

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